sábado, 11 de junho de 2011

Veredas Vitais

A vida possui variantes. A essência vital de cada ser humano, porém, é a mesma. O consciente se auto engana na tentativa contumaz de controlar o inconsciente. O desejo não domina o intentado. A razão perde a batalha contra a personalidade individual.

O caráter é o cunho especial diferenciador das pessoas. Os caminhos nunca dantes percorridos, frequentemente, são surpreendentes. A tendência, contudo, é se esquivar das trilhas desconhecidas.

Almejar com muito fervor pode nos trazer avanços. As decepções, entretanto, não restam excluídas. O engano pertence ao rol de possibilidades. A análise profunda costuma revelar o íntimo, isto é, a cripta face concedida voluntariamente à alteridade.

O não pensar como soía, mas permanecer com a mesma alma. A esperança jaz, mas as mudanças, quando plausíveis, deixam de persistir. A indolência reinante permite, amiúde, a insensibilidade moral fruto de uma impassibilidade, melhor dizendo, de uma negligente apatia constante.

Não há arrependimentos de si mesmo. Algo muito peculiar e autêntico forma o espírito. A sua estrutura fundamental se constitui da forma desvinculada da matéria conformadora e deformadora. O limite da mente é o ilimitado. Na medida em que se pode pensar tudo, esse pleno, compreendido sem um nexo temporal, é caótico. Não se pode, todavia, fazer tudo. O que cada um faz é reflexo de sua propensão intrínseca.

As percepções rodeiam os não conhecedores de um processo ultrapassador do sensível e só pode ser entendido no apreendido, não com mero dado a priori, mas como algo que possui concepção irreal, vez que não se manifesta na realidade (na natureza). É o abstrato, espécie de espaço geométrico fora de sua funcionalidade. O modelo propiciador do desvendamento do que parece obscuro, não obstante seja nítido. Tão claro que sua luz, radiante como o Sol, não raro, oculta a visão dos mais crédulos.

A realidade imaginada pode corresponder à realidade mesma. Não é um problema intelectivo, porquanto desvia do conhecer simples, mas, sem o ignorar por completo, o incorpora e, além do cognoscível, engendra o sensível. O sensível não se reduz apenas ao sentimento, mas se alia à sensibilidade mesma e, mais que um querer, é um saber querer. É um almejar desejar. O contrário é apenas refluxo, nada sendo além de sombra. Não é real, tampouco irreal. Não intentar e, concomitantemente, pretender, é uma contradição insuperável.

Fenecem as tentativas mais perspicazes. A sagacidade cede espaço à mordacidade. Enfraquece a astúcia. Expira-se a penetração espiritual. Há uma inequívoca preferência pela maledicência, ao mesmo tempo satírica e corrosiva. A busca por uma superação depende de modo categórico de um esforço contingente. Poucos, no entanto, veem-se dispostos em empreendê-lo. Labor imensurável e de glória duvidosa.

A propaganda nefasta esconde apenas o viés gabola dessa perturbação insistente em alastrar por todos os lados, negando-se em reconhecer a sua completa insignificância. A fuga nada resolve. A solução está no enfrentamento destemido. A coragem encarada como virtude, promissora da verdadeira excelência.

A dignidade ressurge quando se elevam os sentimentos mais nobres. A enorme expectativa deve se transformar em um agir. É forçoso o discernimento capaz de propiciar uma vivência transformadora. Ele reside justamente no desprendimento propiciador dessa experiência. É extremamente motivador, quando embalado pelos auspícios éticos. Frise-se, contudo, não se tratar de uma ética graduável.

Urge o reconhecimento do ser humano como ente máximo e, consequentemente, a promoção imediata de sua total libertação.

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