quarta-feira, 28 de outubro de 2009

UNIVERSIDADE PÚBLICA

Universidade pública muitas vezes é confundida com universidade gratuita. A gratuidade se mostra importante e deve ser mantida, contudo ela não pode se revelar como fim em si mesmo e passar a expressar, de maneira totalmente deturpada, o caráter público da universidade.

Universidade pública constitui-se enquanto tal, na medida em que se orienta pelo espírito público. A cobrança de mensalidades não parece algo salutar. A presença de contrapartidas, entretanto, não faria mal ao desejado interesse público do qual a universidade pública não deve se afastar.

As realizações das universidades públicas devem se apresentar como nítidas expressões de interesses dos cidadãos que as sustentam enquanto instituições.

Talvez se revelasse muito mais producente que as Faculdades de Direito, por exemplo, fossem transformadas em grandes juizados de pequenas causas com centros de conciliações, institutos de técnica legislativa e revisão de leis, câmaras de soluções negociadas, entre outras possibilidades.

Os alunos de propaganda e marketing, auxiliados e orientados por seus professores, poderiam fazer as propagandas institucionais dos governos e se tornar responsáveis pelas campanhas publicitárias de empresas com participação de capital público, como a Petrobras, Embraer, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e similares.

Os estudantes de comunicação social e jornalismo, contando com a colaboração de seus mestres, poderiam coordenar o aparato de informações institucionais, servir aos departamentos de imprensa dos poderes da nação, fomentar e cuidar da programação das mídias públicas.

Muitas ilustrações de como contrapartidas mais efetivas poderiam ser implantadas na política pública de aprendizado superior brasileiro com bastante ganho em diversos âmbitos poderiam ser fornecidas. Bacharelandos de letras traduzindo obras clássicas, produzindo dicionários aos moldes do Oxford, entre outras possibilidades.

Nem é preciso perder tempo demonstrando os múltiplos projetos em que graduandos de áreas exatas e biológicas poderiam ser engajados proporcionando verdadeira revolução. Tampouco o que poderia ser potencializado se valendo das contribuições transdisciplinares dos vários seguimentos universitários.

Implementar tais medidas não se afigura difícil. Bastam coragem e vontade política. Entretanto, aqueles que se dizem preocupados com a questão universitária preferem se perder em ideologias inócuas ou em debates políticos com pouca utilidade.

A universidade pública, nos moldes atuais, assemelha-se muito mais a uma corporação. Predomina o espírito corporativo, não raro, ensimesmado e voltado para o próprio umbigo. O espírito público precisa reinar nas universidades ditas públicas. Do contrário, perpetuará a distorção geradora de enorme confusão entre público e gratuito.